boiling water
PUBLICAÇÃO: “ÁGUA A FERVER – vol.1”
No seu livro “With Bold Knife and Fork”, Mary Francis Fisher explora a arte e a poesia que existem em escrever e seguir receitas, compartilhando sua perspectiva única sobre a natureza íntima e pessoal da culinária. Ela revela como uma receita pode ser um convite para uma jornada sensorial, despertando lembranças, emoções e desejos. Desafia ainda a abordagem convencional das receitas como sendo mera sequência de instruções técnicas e lembra-nos que a culinária é uma forma de expressão criativa, onde cada receita é única e pode evocar uma ampla gama de sensações e significados. Algo que é de especial interesse para o meu trabalho é a importância que Fisher atribui a entender a essência de uma receita, as nuances que tornam um prato especial e a relação entre a comida e as memórias afectivas, fazendo com que uma receita seja bem mais do que uma lista de ingredientes e passos a seguir.
Receitas manuscritas concatenam em si memórias, formas de sentir, pensar, escrever, organizar e registar informação. A caligrafia, também ela, encerra em si mesma comunicação não verbal, que a grafologia se encarrega de decifrar.
“Água a Ferver Vol. 1” trata-se do primeiro volume, materialização do projecto que visa reunir cadernos de receitas de um contexto geracional específico. Está a começar por um caderno de receitas deixado por alguém muito próximo da autora e irá prosseguir por outros cadernos de pessoas menos próximas ou até totalmente desconhecidas. Tudo isto com o objectivo de, de certa forma, reavivar memórias, sensações, sentimentos, numa espécie de perpetuação de existência de alguém que existiu e deixou, entre outras, esta marca.
In her book “With Bold Knife and Fork,” Mary Francis Fisher explores the art and poetry inherent in writing and following recipes, sharing her unique perspective on the intimate and personal nature of cooking. She reveals how a recipe can be an invitation to a sensory journey, awakening memories, emotions, and desires. She challenges the conventional approach to recipes as mere sequences of technical instructions and reminds us that cooking is a form of creative expression, where each recipe is unique and can evoke a wide range of sensations and meanings. Of particular interest to my work is Fisher’s emphasis on understanding the essence of a recipe, the nuances that make a dish special, and the relationship between food and emotional memories, turning a recipe into much more than a list of ingredients and steps to follow.
Handwritten recipes encapsulate memories, ways of feeling, thinking, writing, organizing, and recording information. The handwriting itself carries non-verbal communication, deciphered by graphology.
“Boiling Water Vol. 1” is the first volume, the materialization of a project that aims to gather recipe notebooks from a specific generational context. It begins with a recipe notebook left by someone very close to the author and will continue with other notebooks from people less close or even entirely unknown. All of this is done with the goal of, in a way, reviving memories, sensations, and feelings, in a kind of perpetuation of the existence of someone who lived and left, among other things, this mark.