impermanentia
s.f. (Latim)
qualidade ou estado de não ser permanente; natureza transitória e efêmera de todas as coisas. Derivado do prefixo “im-” (não) e “permanentia” (permanência)
A interdependência e o total emaranhamento entre o ser humano e a natureza, influenciando-se mutuamente na vida de um e na morte do outro é demonstrada em imagens de líquenes que crescem no mármore de jazigos, imagens de sombras projetadas, imagens esbatidas pelo tempo de pessoas que já não existem.
Ao explorar esses espaços silenciosos e carregados tanto de memória como de actividade, o projeto pretende provocar uma reflexão profunda sobre a nossa relação com o meio. As texturas dos líquenes sobre as lápides, a decomposição das imagens e a interação entre os elementos naturais e artificiais materializam como a natureza reclama o seu espaço e se reintegra com o que a humanidade deixa para trás. Essas imagens não apenas documentam, mas também poetizam a persistente presença da vida, mesmo nos lugares dedicados à morte, sublinhando a continuidade inescapável entre o homem e a natureza.
A estas imagens, juntam-se frases apropriadas a partir de correspondência trocada, em tempo de guerra, entre os que viriam a ser os pais da autora. Palavras descontextualizadas têm o poder de assumir nova vida, novos significados e até novas poéticas.
Este projeto pretende assim incentivar diálogo sobre a impermanência e a resiliência, mostrando como processos naturais continuam a operar e transformar os lugares-símbolo da ausência da vida humana, por destacar a capacidade da natureza de se regenerar e de encontrar novas formas de vida a partir da morte e novos significados a partir da escrita.
Impermanence
n. (Latin)
The quality or state of not being permanent; the transient and ephemeral nature of all things. Derived from the prefix “im-” (not) and “permanentia” (permanence).
The interdependence and total entanglement between human beings and nature, mutually influencing each other in life and death, is depicted in images of lichens growing on marble tombs, images of cast shadows, and faded images of people who no longer exist.
By exploring these silent spaces, heavy with both memory and activity, the project seeks to provoke a deep reflection on our relationship with the environment. The textures of lichens on tombstones, the decomposition of images, and the interaction between natural and artificial elements materialise how nature reclaims its space and reintegrates with what humanity leaves behind. These images not only document but also poetise the persistent presence of life, even in places dedicated to death, emphasising the inescapable continuity between humankind and nature.
Alongside these images are phrases appropriated from correspondence exchanged during wartime between what would become the author’s parents. Decontextualised words have the power to take on new life, new meanings, and even new poetics.
This project thus aims to encourage dialogue on impermanence and resilience, showing how natural processes continue to operate and transform places symbolising the absence of human life, by highlighting nature’s ability to regenerate and find new forms of life from death, and new meanings from writing.